quinta-feira, 16 de abril de 2009

Personagens Históricos revisitados: D.Pedro I

historiadora Isabel Lustosa biografou um D. Pedro I que não está nos livros e que, segundo ela, seria o personagem mais fascinante da História do Brasil. Em certo sentido o foi: dizia-se liberal, mas exerceu o poder de maneira autocrática, dissolveu a Constituinte que ele mesmo convocou, humilhava aliados e amigos e ao mesmo tempo em que combatia a escravidão, por não acreditar em diferenças raciais, admitia abertamente a corrupção. Um homem impulsivo, desconfiado e vingativo, traiu amigos fiéis, foi implacável com os inimigos e tratava mal as esposas e as amantes mas era amado pelos brasileiros, lutava com afinco pelo que acreditava, a liberdade, e era profundamente sintonizado com os ares do tempo. Para nós, brasileiros, a história de D. Pedro I termina com sua partida para o exílio em 1831, mas foi aí que ele viveu uma espécie de renascimento e se tornou um ícone da liberdade na Europa. Vários foram os motivos para que ele fosse visto assim, o primeiro deles era sua defesa da volta de um governo constitucional às terras lusas, governada então despoticamente por seu irmão Miguel. Ao se instalar em Paris tornou-se uma das personalidades mais populares da capital francesa, sendo recebido com deferência nos elegantes bailes da corte; a França vivia uma onda liberal marcada pela ascensão do rei constitucional Luís Filipe e D. Pedro chegou a morar em um castelo real onde recebia exilados de Portugal e de outros países que sofriam sob a mão de monarcas despóticos. Nesse período buscou apoio militar para invadir Portugal e destituir o irmão e fazer da filha a rainha de Portugal; mas nenhum reino europeu quis se envolver oficialmente com a briga. Foi com empréstimos pessoais para pagar mercenários e um reduzido número de voluntários portugueses e franceses que ele partiu para sua última aventura, liderando um exército de sete mil homens enfrentou dezenas de milhares de soldados comandados por D.Miguel. Incansável e se arriscando pessoalmente nas batalhas, inspirou seus soldados de tal maneira que o que parecia impossível aconteceu: em 20 de setembro de 1834, Portugal passava às mãos da nova rainha, dona Maria II que inauguraria a fase moderna e constitucional da monarquia portuguesa. O ex-imperador do Brasil não viveu para acompanhar o governo da filha, ele morreu em 24 de setembro de 1834, no mesmo quarto decorado pelas cenas de dom Quixote onde ele nascera, 36 anos antes, quando o Brasil ainda era uma colônia portuguesa do outro lado do Atlântico.

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