quinta-feira, 16 de abril de 2009

A Imprensa na História

"O jornal facilita as relações dos homens entre si, suprime as barreiras antigas do tempo e do espaço, tende a estabelecer um nível mais elevado de justiça. Se a imprensa tem seus vícios, ela tem também suas virtudes. Ela é a guardiã, se não a mais responsável, meio o mais eficaz do direito, da justiça, da liberdade, da honra, da probidade do Estado; a guardiã avisada de todos aqueles que detêm uma parte do poder público, a denunciadora implacável dos abusos e dos vícios de sua administração e de seu governo. Ela é a testemunha vigilante que narra, todas as manhãs, aos cidadãos, os atos e os usos dos homens em seu posto, desde o guarda campestre até o ministro." (Henri Conston, jornalista, publicitário, editor e militante político francês - 1910/2001)
A necessidade de informação é um dos dados fundamentais da vida de uma sociedade. A curiosidade natural do homem suscitou a vocação de contadores de história; desde os gregos aos troveiros da Idade Média, eles cumpriam a função de comunicar e com freqüência também informar. Desde as mais remotas épocas existiam redes de coleta e difusão de informação cujos mensageiros transmitiam, oralmente ou por escrito, notícias que em seguida podiam ser levadas ao conhecimento de um público mais ou menos amplo pelas mais diversas vias e em todas as sociedades organizadas, de todos os tempos, é possível encontrar “antepassados” de jornais e jornalistas. Através de pesquisas em dados recortes temporais e geográficos em arquivos de jornais é possível retratar sob a ótica da imprensa as especificidades dos mais diversos processos históricos de um país; ou seja,um dos instrumentos para se saber mais a respeito de uma nação é analisar as trajetórias de sua história . Demorou um pouco para o Brasil "proclamar a sua imprensa"; enquanto colônia, não havia interesse da metrópole em estabelecer aqui uma imprensa que viesse a divulgar idéias que não fossem muito coerentes com os lusos interesses. Mas, embora incipiente e sob o controle do poder real desde o Brasil Colônia, a imprensa brasileira viveu um período significativo de liberdade quando dom João VI deixa o Brasil e decreta, no dia 2 de março de 1821, a abolição da censura prévia até que fosse elaborada uma nova regulamentação. Sabe-se que o decreto não terminou com a censura, apenas alterou a maneira de exercê-la, aplicando-a nas provas impressas e não nos originais manuscritos, mas já foi um bom começo. A relação jornal x jornalista x poder mostra como a História dos Meios de Comunicação sempre esteve interligada aos acontecimentos políticos; como a política usou os meios de comunicação para abranger a sociedade; como os políticos se servem dos meios de comunicação para beneficiarem a si próprios e como os meios de comunicação manipularam a sociedade em favor de sistemas políticos que lhes fossem de interesse.
O uso público dos meios de comunicação pode ser o meio de libertação ou de dominação de uma sociedade, dependendo de quem tem o poder de informar e de conduzir a informação para a formação de uma sociedade democrática ou autoritária, dominante ou dominada. Um exemplo interessante: nossos colonizadores consideravam que os primitivos habitantes do Brasil, povos sem escrita, estavam na Pré-História e que o “descobrimento” do Brasil havia sido o início de nossa história veiculando-se, àquela época, em Portugal que o Brasil era uma criação dos portugueses: "O Brazil não existia antes do descobrimento, nem ficou existindo pela realização d’este. O Brazil, imediatamente à empreza de Álvares Cabral, ficou sendo apenas uma designação, um nome, de uma paragem transoceanica, d’ahi em diante marcada nas cartas. [...] O Brazil que descobrimos não é, pois, na realidade das cousas, o Brazil pelo qual nos glorificamos. Este é outro Brazil, muito diverso: é o Brazil que nós creamos, que nós fizemos" . (Faustino da FONSECA, in: Commercio do Porto. 8 de Maio de 1900).
Ou seja, os meios de comunicação são e foram desde... sempre consideráveis produtores de informações e seu principal poder reside na divulgação, ocultação ou manipulação dessas informações; ao falar em meios de comunicação, Antonio Gramsci (político, filósofo e cientista político, comunista e anti-fascista italiano – 1891/1937) situava, principalmente, a imprensa nesse âmbito exercendo a função de termômetro e/ou medidor da opinião pública.
Sou uma pesquisadora das diversas formas de relação entre o cidadão e a imprensa, mesmo quando não havia um avanço que permitisse transformar a imprensa em agente dos interesses públicos, a indicação dos caminhos e possibilidades da imprensa como espaço de atuação política nos processos da colonização, da declaração da independência, da abolição da escravatura, da proclamação da republica, entre outros tem sido alvo de meus trabalhos... tópicos futuros.

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