quinta-feira, 16 de abril de 2009

Cartões postais

O Brasil somente imprimiu o que então se chamou de “Bilhete Postal” depois da autorização dada pelo decreto n˚ 7.695, de 28 de abril de 1880, baixado por iniciativa do Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Manuel Buarque de Macedo. O êxito dos bilhetes postais no Brasil se deu em função do movimento postal da época; os postais tiveram a responsabilidade de suprir a insuficiência dos muitos veículos de informação de que hoje dispomos e o que era fato e notícia, com o correr do tempo, converteu-se em memória. Segundo estatística referente à Corte, houve indubitável aceitação dos Bilhetes Postais pelo público, tanto assim que, já no ano de 1883/1884, a quantidade deles coletada pelo correio representava 41% do total da correspondência particular.
Os Bilhetes postais foram usados no Rio de Janeiro e outros Estados desde o século XIX trazendo estampados belas paisagens; a maioria dos cartões-postais de velhas coleções retratam um período muito característico: a "Belle Époque", nome que traduz as alegrias e as esperanças da aurora de um novo século.
Esses antigos e belos postais imortalizaram a cidade de antigamente, as paisagens já destruídas, o espírito de uma sociedade, os ideais de beleza, a guerra e a paz, o rei e o plebeu, o povo em seu trabalho, as modas, o transitório e o permanente, a noticia e a História, os meios materiais de vida, as artes e as ciências, o indivíduo e a multidão, os costumes típicos, a realidade e o sonho, os anônimos que animavam as ruas... retratos de uma época, os postais - testemunhos históricas sob a forma de manifestação artística - não devem se perder!

O comércio do Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro do início do século XVII nascia uma incipiente forma de comércio na beira da praia, as mercadorias dos navios europeus eram disputadíssimas: vinho, veludos, tafetá, azeitonas, vinagre e chapéus .... Apesar dos entraves legais e das atribulações políticas e econômicas, no final do século seguinte o comércio já transformaria negociantes num grupo próspero e respeitado que formava a elite carioca ao lado de burocratas e proprietários rurais. A partir daí, uma série de medidas favoreceria o crescimento das atividades comerciais, sendo um das mais importantes o decreto de 1810 que suspenderia a proibição das vendas de mercadorias nas residências e nas vias públicas; o comércio ambulante incorporaria à paisagem urbana os escravos de ganho (trabalhavam para seus senhores) e os negros libertos que percorriam as ruas vendendo capim, milho, aves, frutas, legumes, verduras, refrescos e doces e seriam sucedidos pelos imigrantes- mascates que vendiam tecidos, miudezas e bijuterias à prestação. Em 1822, 1.600 casas de negócio estavam licenciadas no Rio de Janeiro e em 1843 o número já chegava aos 4.700 entre tabernas, lojas de fazendas e modas, cabeleireiros, floriculturas, charutarias, hotéis, joalherias e outras. A maior parte dos comerciantes se concentrava nas ruas Sete de Setembro, Miguel Couto e Ouvidor e a sede de sua primeira organização, obra do arquiteto francês Montigny, abriga hoje a Casa França-Brasil. O Rio de Janeiro de 1920, que já se aproximava do primeiro milhão de habitantes, possuía um crescente eixo das linhas de bonde e de trem, assistia a multiplicação dos automóveis e tinha um forte comércio em áreas tradicionalmente demarcadas. Essas áreas resistiram até os anos 50 do século XX, quando surgiram as primeiras galerias, as grandes cadeias de lojas e, por fim, os shopping-centers... As dificuldades crescentes de deslocamento e estacionamento favoreceram essa diversificação e sofisticação dos pólos comerciais de bairro, o primeiro shopping center da cidade foi inaugurado em 1965 no Méier, que junto com, Tijuca, Copacabana e Madureira substituíram definitivamente o centro e passaram a concentrar a oferta de bens e serviços e a atender aos bairros vizinhos. Entretanto, quando o Barrashopping, que já não sei se é mais o maior shopping do Rio, construiu uma réplica do antigo Mercado da Praça XV ficou aquela pergunta no ar... saudades do comércio do Rio Antigo?

História da Maré

Falar de favela é falar da História do Brasil desde... sempre!...
Na época da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, a área hoje ocupada pelas comunidades da Maré era uma parte da Baía de Guanabara formada por praias, ilhas e manguezais. As praias tinham água e areia limpas, a mata fechada era intocada e os manguezais serviam como fonte de alimento para várias espécies animais, aves aquáticas, caranguejos e muito peixe e camarão. Até mesmo baleias nadavam tranqüilamente na Baía de Guanabara. Por contraste, a mesma área é hoje uma das mais poluídas da cidade.
A ação destruidora do homem começou com a extração do pau-brasil que, segundo os registros mais antigos, era abundante na região. Em nome do comércio da madeira nobre, os colonizadores arrasaram as matas, provocaram a fuga das tribos indígenas locais para o interior e para escoar os produtos explorados e cultivados na região, criaram o Porto de Inhaúma no século XVI. Ele se localizava onde hoje termina a Avenida Guilherme Maxwell, no cruzamento com a rua Praia de Inhaúma. O porto desenvolveu importante papel econômico e terminou seus dias abrigando a Colônia de Pescadores Z-6 que desapareceu nas primeiras décadas do século XX, após os sucessivos aterros na área.
Entre meados dos séculos XVII e XVIII, a região da Maré – também conhecida como "Mar de Inhaúma" – fazia parte da Freguesia rural de Inhaúma e integrava uma grande propriedade: a Fazenda do Engenho da Pedra. Sua terras abrangiam os atuais bairros de Olaria, Ramos, Bonsucesso e parte de Manguinhos. Hoje, onde seria a sede da fazenda restam apenas ruínas, que foram ocupadas pela Favela da Igrejinha, em Ramos.
A história da Maré urbana começa nos anos 40, com o desenvolvimento industrial do Rio de Janeiro veio um grande fluxo de migrantes nordestinos em busca de trabalho e que vieram a ocupar as regiões desprezadas pela especulação imobiliária, como encostas e áreas alagadas; no final da década de 40, várias palafitas - barracos de madeira sobre a lama e a água – ocupavam a região. Surgem focos de povoação onde hoje se localizam as comunidades da Baixa do Sapateiro, Parque Maré e o Morro do Timbau - única naturalmente de terra firme. As palafitas se estenderam por toda a Maré e só no início dos anos 80 foram erradicadas. A construção da Avenida Brasil - concluída em 1946 - foi determinante para a ocupação da área, que prosseguiu pela década de 50, resultando na criação de outras comunidades como Rubens Vaz e Parque União.
Nos anos 60, um novo fluxo de ocupação da Maré teve início. Durante o Governo Estadual de Carlos Lacerda (1961-1965), foram realizadas obras de modernização na Zona Sul da cidade com a consequente erradicação de favelas e remoção de sua população para regiões distantes do município.
A partir de 1960, moradores de favelas como Praia do Pinto, Morro da Formiga, Favela do Esqueleto e desabrigados das margens do rio Faria-Timbó foram transferidos para habitações "provisórias" construídas na Maré, daí surgiu a comunidade de Nova Holanda.
Até o início dos anos 80 a Maré das palafitas era símbolo da miséria nacional, e foi nesse período que se iniciou a primeira grande intervenção de um Governo Federal na área - o Projeto Rio - que aterrou parte das regiões alagadas e transferiu os moradores para construções pré-fabricadas: as comunidades da Vila do João, Vila do Pinheiro, Conjunto Pinheiro e Conjunto Esperança. Nos anos 80 e 90, também foram construídas as habitações de Nova Maré e Bento Ribeiro Dantas para transferir moradores de áreas de risco da cidade. Já a pequena comunidade inaugurada em 2000 pela prefeitura e batizada pelos moradores de Salsa e Merengue é tida como uma extensão da Vila do Pinheiro.
Em 1988, foi criada a 30ª Região Administrativa, abarcando a área da Maré. A primeira R.A. da cidade a se instalar numa favela marcou o reconhecimento da região como um bairro popular.

Pornografia histórica

Na segunda metade do século XIX, em especial a partir de 1870, o mercado editorial desenvolvia-se amplamente no Rio de Janeiro; diversos foram os livreiros que decidiram unir à tradicional venda de livros, novos trabalhos editoriais de grande retorno financeiro. Ansiosos por angariar novas clientelas buscavam oferecer obras sugestivas e envolventes, nas estantes das livrarias podiam ser encontradas traduções de folhetins franceses, manuais de boas maneiras, histórias infantis, livros de poesia, de orações, de direito, e ... um variado estoque de enredos pornográficos, também conhecidos como "romances para homens". Com as novas tecnologias de impressão, o livro no Brasil, pouco a pouco, deixou de ser um produto caro, reservado apenas às elites abastadas e ilustradas, o uso de papel de menor qualidade, capas brochadas e o tamanho econômico das edições conferiram aos editores a liberdade de proclamar nos jornais: "Não vale hoje a desculpa de que não se pode ler porque o livro é caro!" (Gazeta da Tarde, 22/6/1896). E foi diante desse novo perfil econômico que o mercado editorial brasileiro assumia que os comerciantes de livros pornográficos aproveitaram-se cada vez mais dos baixos custos de impressão para disseminar, em meio a uma massa irrestrita de leitores, enredos repletos de cópulas e relacionamentos afetivos considerados ofensivos aos bons costumes. Essa situação nem sempre passava despercebida pelos jornalistas e críticos literários mais conservadores que preocupados com o espaço que esse gênero literário ganhava a cada dia protestavam publicamente, mas, embora o Código Criminal do Império (1861) estabelecesse pena de até seis meses de prisão para aqueles que ofendessem a moral pública, através do "comércio ou da distribuição, entre mais de quinze pessoas, de papéis impressos, litogravuras, estampas ou desenhos" considerados inadequados, os romances chamados para homens eram impressos e vendidos sem restrição para qualquer ponto do país e apenas em 1920, com a promulgação do decreto-lei de número 4743, algumas regras iriam estabelecer limites mais visíveis à "liberdade de imprensa" sem, entretanto, que nenhuma punição ou medida mais severa tenha recaído sobre as publicações de cunho pornográfico.
Na verdade, no Brasil as restrições a esse gênero literário estiveram muito mais ligadas ao temor de sociedade conservadora e patriarcal de que as mulheres tivessem acesso a essas narrativas tão eficazes em seus propósitos e deleites imaginários do que ao âmbito da moral como um todo. Vários médicos e juristas alertaram pais e maridos sobre os perigos de tais leituras pornográficas no imaginário feminino; acreditava-se que homens eram capazes de discernir o mundo da ficção do cotidiano das regras e dos bons costumes e que "as mulheres de cérebro fraco entregar-se-iam desordenadamente à leitura de romances de um erotismo perfumado e traiçoeiro com conseqüências desastrosas... despertando curiosidades terríveis...". (Viveiros de Castro, professor de Direito Criminal na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, em 1896).

O que é História?

Existe uma certa dificuldade no conceituar o que é História nos dias de hoje, sobressaem-se aqueles conceitos consagrados no Ensino Médio, mas será que eles conseguem fazer entender o que é História? Pergunta simples de respostas complexas pois prescinde de entender diferentes épocas e autores e as influências das idéias no ofício do historiador através dos tempos. A História toma forma no decorrer dos séculos formando escolas historiográficas com diferentes discursos e objetivos e sendo freqüentemente manipulada e usada com um caráter utilitário: “O exemplo padrão de uma cultura de identidade, que se ancora no passado por meio de mitos disfarçados de história, é o nacionalismo.” (Hobsbawn). No início de 1900, a História buscava sua autonomia como ciência, e em 1930 na França, a primeira geração da Escola dos Annales funda uma revista com a intenção de criar uma história total abordando questões sociais, geográficas, econômicas aproximando-a do homem comum, mas relegar totalmente a História Política, que faz parte da análise de uma sociedade em sua totalidade, enfraqueceu o movimento. Em 1968, uma terceira geração dos Annales, cria a chamada Nova História num mundo que estava, e ainda está, se transformando e onde todas as Ciências precisam se adaptar. Historiadores como Le Goff, Ferro, Duby e outros rompem com a história totalizante, com os grandes espaços e tempos retomam o homem comum e o cotidiano e dominam a historiografia mundial até os dias de hoje; seus livros são exportados para todo o mundo, transformaram trabalhos longos em recortes de tempo e espaço menores e trabalham temas regionais mais acessíveis ao público. Tudo é história para os Annales: os homens comuns, os marginalizados, os esquecidos; é a história se voltando novamente para as mentalidades, os medos, os desejos, os hábitos alimentares, as formas de moradia, os cultos, os ritos: NESTE NOVO MUNDO SEM FRONTEIRAS E, VIRTUALMENTE SEM DISTÂNCIAS, A HISTÓRIA É ACESSÍVEL A TODOS.

A Imprensa na História

"O jornal facilita as relações dos homens entre si, suprime as barreiras antigas do tempo e do espaço, tende a estabelecer um nível mais elevado de justiça. Se a imprensa tem seus vícios, ela tem também suas virtudes. Ela é a guardiã, se não a mais responsável, meio o mais eficaz do direito, da justiça, da liberdade, da honra, da probidade do Estado; a guardiã avisada de todos aqueles que detêm uma parte do poder público, a denunciadora implacável dos abusos e dos vícios de sua administração e de seu governo. Ela é a testemunha vigilante que narra, todas as manhãs, aos cidadãos, os atos e os usos dos homens em seu posto, desde o guarda campestre até o ministro." (Henri Conston, jornalista, publicitário, editor e militante político francês - 1910/2001)
A necessidade de informação é um dos dados fundamentais da vida de uma sociedade. A curiosidade natural do homem suscitou a vocação de contadores de história; desde os gregos aos troveiros da Idade Média, eles cumpriam a função de comunicar e com freqüência também informar. Desde as mais remotas épocas existiam redes de coleta e difusão de informação cujos mensageiros transmitiam, oralmente ou por escrito, notícias que em seguida podiam ser levadas ao conhecimento de um público mais ou menos amplo pelas mais diversas vias e em todas as sociedades organizadas, de todos os tempos, é possível encontrar “antepassados” de jornais e jornalistas. Através de pesquisas em dados recortes temporais e geográficos em arquivos de jornais é possível retratar sob a ótica da imprensa as especificidades dos mais diversos processos históricos de um país; ou seja,um dos instrumentos para se saber mais a respeito de uma nação é analisar as trajetórias de sua história . Demorou um pouco para o Brasil "proclamar a sua imprensa"; enquanto colônia, não havia interesse da metrópole em estabelecer aqui uma imprensa que viesse a divulgar idéias que não fossem muito coerentes com os lusos interesses. Mas, embora incipiente e sob o controle do poder real desde o Brasil Colônia, a imprensa brasileira viveu um período significativo de liberdade quando dom João VI deixa o Brasil e decreta, no dia 2 de março de 1821, a abolição da censura prévia até que fosse elaborada uma nova regulamentação. Sabe-se que o decreto não terminou com a censura, apenas alterou a maneira de exercê-la, aplicando-a nas provas impressas e não nos originais manuscritos, mas já foi um bom começo. A relação jornal x jornalista x poder mostra como a História dos Meios de Comunicação sempre esteve interligada aos acontecimentos políticos; como a política usou os meios de comunicação para abranger a sociedade; como os políticos se servem dos meios de comunicação para beneficiarem a si próprios e como os meios de comunicação manipularam a sociedade em favor de sistemas políticos que lhes fossem de interesse.
O uso público dos meios de comunicação pode ser o meio de libertação ou de dominação de uma sociedade, dependendo de quem tem o poder de informar e de conduzir a informação para a formação de uma sociedade democrática ou autoritária, dominante ou dominada. Um exemplo interessante: nossos colonizadores consideravam que os primitivos habitantes do Brasil, povos sem escrita, estavam na Pré-História e que o “descobrimento” do Brasil havia sido o início de nossa história veiculando-se, àquela época, em Portugal que o Brasil era uma criação dos portugueses: "O Brazil não existia antes do descobrimento, nem ficou existindo pela realização d’este. O Brazil, imediatamente à empreza de Álvares Cabral, ficou sendo apenas uma designação, um nome, de uma paragem transoceanica, d’ahi em diante marcada nas cartas. [...] O Brazil que descobrimos não é, pois, na realidade das cousas, o Brazil pelo qual nos glorificamos. Este é outro Brazil, muito diverso: é o Brazil que nós creamos, que nós fizemos" . (Faustino da FONSECA, in: Commercio do Porto. 8 de Maio de 1900).
Ou seja, os meios de comunicação são e foram desde... sempre consideráveis produtores de informações e seu principal poder reside na divulgação, ocultação ou manipulação dessas informações; ao falar em meios de comunicação, Antonio Gramsci (político, filósofo e cientista político, comunista e anti-fascista italiano – 1891/1937) situava, principalmente, a imprensa nesse âmbito exercendo a função de termômetro e/ou medidor da opinião pública.
Sou uma pesquisadora das diversas formas de relação entre o cidadão e a imprensa, mesmo quando não havia um avanço que permitisse transformar a imprensa em agente dos interesses públicos, a indicação dos caminhos e possibilidades da imprensa como espaço de atuação política nos processos da colonização, da declaração da independência, da abolição da escravatura, da proclamação da republica, entre outros tem sido alvo de meus trabalhos... tópicos futuros.

Personagens Históricos revisitados: D.Pedro I

historiadora Isabel Lustosa biografou um D. Pedro I que não está nos livros e que, segundo ela, seria o personagem mais fascinante da História do Brasil. Em certo sentido o foi: dizia-se liberal, mas exerceu o poder de maneira autocrática, dissolveu a Constituinte que ele mesmo convocou, humilhava aliados e amigos e ao mesmo tempo em que combatia a escravidão, por não acreditar em diferenças raciais, admitia abertamente a corrupção. Um homem impulsivo, desconfiado e vingativo, traiu amigos fiéis, foi implacável com os inimigos e tratava mal as esposas e as amantes mas era amado pelos brasileiros, lutava com afinco pelo que acreditava, a liberdade, e era profundamente sintonizado com os ares do tempo. Para nós, brasileiros, a história de D. Pedro I termina com sua partida para o exílio em 1831, mas foi aí que ele viveu uma espécie de renascimento e se tornou um ícone da liberdade na Europa. Vários foram os motivos para que ele fosse visto assim, o primeiro deles era sua defesa da volta de um governo constitucional às terras lusas, governada então despoticamente por seu irmão Miguel. Ao se instalar em Paris tornou-se uma das personalidades mais populares da capital francesa, sendo recebido com deferência nos elegantes bailes da corte; a França vivia uma onda liberal marcada pela ascensão do rei constitucional Luís Filipe e D. Pedro chegou a morar em um castelo real onde recebia exilados de Portugal e de outros países que sofriam sob a mão de monarcas despóticos. Nesse período buscou apoio militar para invadir Portugal e destituir o irmão e fazer da filha a rainha de Portugal; mas nenhum reino europeu quis se envolver oficialmente com a briga. Foi com empréstimos pessoais para pagar mercenários e um reduzido número de voluntários portugueses e franceses que ele partiu para sua última aventura, liderando um exército de sete mil homens enfrentou dezenas de milhares de soldados comandados por D.Miguel. Incansável e se arriscando pessoalmente nas batalhas, inspirou seus soldados de tal maneira que o que parecia impossível aconteceu: em 20 de setembro de 1834, Portugal passava às mãos da nova rainha, dona Maria II que inauguraria a fase moderna e constitucional da monarquia portuguesa. O ex-imperador do Brasil não viveu para acompanhar o governo da filha, ele morreu em 24 de setembro de 1834, no mesmo quarto decorado pelas cenas de dom Quixote onde ele nascera, 36 anos antes, quando o Brasil ainda era uma colônia portuguesa do outro lado do Atlântico.