O Brasil somente imprimiu o que então se chamou de “Bilhete Postal” depois da autorização dada pelo decreto n˚ 7.695, de 28 de abril de 1880, baixado por iniciativa do Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Manuel Buarque de Macedo. O êxito dos bilhetes postais no Brasil se deu em função do movimento postal da época; os postais tiveram a responsabilidade de suprir a insuficiência dos muitos veículos de informação de que hoje dispomos e o que era fato e notícia, com o correr do tempo, converteu-se em memória. Segundo estatística referente à Corte, houve indubitável aceitação dos Bilhetes Postais pelo público, tanto assim que, já no ano de 1883/1884, a quantidade deles coletada pelo correio representava 41% do total da correspondência particular.
Os Bilhetes postais foram usados no Rio de Janeiro e outros Estados desde o século XIX trazendo estampados belas paisagens; a maioria dos cartões-postais de velhas coleções retratam um período muito característico: a "Belle Époque", nome que traduz as alegrias e as esperanças da aurora de um novo século.
Esses antigos e belos postais imortalizaram a cidade de antigamente, as paisagens já destruídas, o espírito de uma sociedade, os ideais de beleza, a guerra e a paz, o rei e o plebeu, o povo em seu trabalho, as modas, o transitório e o permanente, a noticia e a História, os meios materiais de vida, as artes e as ciências, o indivíduo e a multidão, os costumes típicos, a realidade e o sonho, os anônimos que animavam as ruas... retratos de uma época, os postais - testemunhos históricas sob a forma de manifestação artística - não devem se perder!
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Cartões postais
O comércio do Rio de Janeiro
História da Maré
Na época da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, a área hoje ocupada pelas comunidades da Maré era uma parte da Baía de Guanabara formada por praias, ilhas e manguezais. As praias tinham água e areia limpas, a mata fechada era intocada e os manguezais serviam como fonte de alimento para várias espécies animais, aves aquáticas, caranguejos e muito peixe e camarão. Até mesmo baleias nadavam tranqüilamente na Baía de Guanabara. Por contraste, a mesma área é hoje uma das mais poluídas da cidade.
A ação destruidora do homem começou com a extração do pau-brasil que, segundo os registros mais antigos, era abundante na região. Em nome do comércio da madeira nobre, os colonizadores arrasaram as matas, provocaram a fuga das tribos indígenas locais para o interior e para escoar os produtos explorados e cultivados na região, criaram o Porto de Inhaúma no século XVI. Ele se localizava onde hoje termina a Avenida Guilherme Maxwell, no cruzamento com a rua Praia de Inhaúma. O porto desenvolveu importante papel econômico e terminou seus dias abrigando a Colônia de Pescadores Z-6 que desapareceu nas primeiras décadas do século XX, após os sucessivos aterros na área.
Entre meados dos séculos XVII e XVIII, a região da Maré – também conhecida como "Mar de Inhaúma" – fazia parte da Freguesia rural de Inhaúma e integrava uma grande propriedade: a Fazenda do Engenho da Pedra. Sua terras abrangiam os atuais bairros de Olaria, Ramos, Bonsucesso e parte de Manguinhos. Hoje, onde seria a sede da fazenda restam apenas ruínas, que foram ocupadas pela Favela da Igrejinha, em Ramos.
A história da Maré urbana começa nos anos 40, com o desenvolvimento industrial do Rio de Janeiro veio um grande fluxo de migrantes nordestinos em busca de trabalho e que vieram a ocupar as regiões desprezadas pela especulação imobiliária, como encostas e áreas alagadas; no final da década de 40, várias palafitas - barracos de madeira sobre a lama e a água – ocupavam a região. Surgem focos de povoação onde hoje se localizam as comunidades da Baixa do Sapateiro, Parque Maré e o Morro do Timbau - única naturalmente de terra firme. As palafitas se estenderam por toda a Maré e só no início dos anos 80 foram erradicadas. A construção da Avenida Brasil - concluída em 1946 - foi determinante para a ocupação da área, que prosseguiu pela década de 50, resultando na criação de outras comunidades como Rubens Vaz e Parque União.
Nos anos 60, um novo fluxo de ocupação da Maré teve início. Durante o Governo Estadual de Carlos Lacerda (1961-1965), foram realizadas obras de modernização na Zona Sul da cidade com a consequente erradicação de favelas e remoção de sua população para regiões distantes do município.
A partir de 1960, moradores de favelas como Praia do Pinto, Morro da Formiga, Favela do Esqueleto e desabrigados das margens do rio Faria-Timbó foram transferidos para habitações "provisórias" construídas na Maré, daí surgiu a comunidade de Nova Holanda.
Até o início dos anos 80 a Maré das palafitas era símbolo da miséria nacional, e foi nesse período que se iniciou a primeira grande intervenção de um Governo Federal na área - o Projeto Rio - que aterrou parte das regiões alagadas e transferiu os moradores para construções pré-fabricadas: as comunidades da Vila do João, Vila do Pinheiro, Conjunto Pinheiro e Conjunto Esperança. Nos anos 80 e 90, também foram construídas as habitações de Nova Maré e Bento Ribeiro Dantas para transferir moradores de áreas de risco da cidade. Já a pequena comunidade inaugurada em 2000 pela prefeitura e batizada pelos moradores de Salsa e Merengue é tida como uma extensão da Vila do Pinheiro.
Em 1988, foi criada a 30ª Região Administrativa, abarcando a área da Maré. A primeira R.A. da cidade a se instalar numa favela marcou o reconhecimento da região como um bairro popular.
Pornografia histórica
Na verdade, no Brasil as restrições a esse gênero literário estiveram muito mais ligadas ao temor de sociedade conservadora e patriarcal de que as mulheres tivessem acesso a essas narrativas tão eficazes em seus propósitos e deleites imaginários do que ao âmbito da moral como um todo. Vários médicos e juristas alertaram pais e maridos sobre os perigos de tais leituras pornográficas no imaginário feminino; acreditava-se que homens eram capazes de discernir o mundo da ficção do cotidiano das regras e dos bons costumes e que "as mulheres de cérebro fraco entregar-se-iam desordenadamente à leitura de romances de um erotismo perfumado e traiçoeiro com conseqüências desastrosas... despertando curiosidades terríveis...". (Viveiros de Castro, professor de Direito Criminal na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, em 1896).
O que é História?
A Imprensa na História
"O jornal facilita as relações dos homens entre si, suprime as barreiras antigas do tempo e do espaço, tende a estabelecer um nível mais elevado de justiça. Se a imprensa tem seus vícios, ela tem também suas virtudes. Ela é a guardiã, se não a mais responsável, meio o mais eficaz do direito, da justiça, da liberdade, da honra, da probidade do Estado; a guardiã avisada de todos aqueles que detêm uma parte do poder público, a denunciadora implacável dos abusos e dos vícios de sua administração e de seu governo. Ela é a testemunha vigilante que narra, todas as manhãs, aos cidadãos, os atos e os usos dos homens em seu posto, desde o guarda campestre até o ministro." (Henri Conston, jornalista, publicitário, editor e militante político francês - 1910/2001)
A necessidade de informação é um dos dados fundamentais da vida de uma sociedade. A curiosidade natural do homem suscitou a vocação de contadores de história; desde os gregos aos troveiros da Idade Média, eles cumpriam a função de comunicar e com freqüência também informar. Desde as mais remotas épocas existiam redes de coleta e difusão de informação cujos mensageiros transmitiam, oralmente ou por escrito, notícias que em seguida podiam ser levadas ao conhecimento de um público mais ou menos amplo pelas mais diversas vias e em todas as sociedades organizadas, de todos os tempos, é possível encontrar “antepassados” de jornais e jornalistas. Através de pesquisas em dados recortes temporais e geográficos em arquivos de jornais é possível retratar sob a ótica da imprensa as especificidades dos mais diversos processos históricos de um país; ou seja,um dos instrumentos para se saber mais a respeito de uma nação é analisar as trajetórias de sua história . Demorou um pouco para o Brasil "proclamar a sua imprensa"; enquanto colônia, não havia interesse da metrópole em estabelecer aqui uma imprensa que viesse a divulgar idéias que não fossem muito coerentes com os lusos interesses. Mas, embora incipiente e sob o controle do poder real desde o Brasil Colônia, a imprensa brasileira viveu um período significativo de liberdade quando dom João VI deixa o Brasil e decreta, no dia 2 de março de 1821, a abolição da censura prévia até que fosse elaborada uma nova regulamentação. Sabe-se que o decreto não terminou com a censura, apenas alterou a maneira de exercê-la, aplicando-a nas provas impressas e não nos originais manuscritos, mas já foi um bom começo. A relação jornal x jornalista x poder mostra como a História dos Meios de Comunicação sempre esteve interligada aos acontecimentos políticos; como a política usou os meios de comunicação para abranger a sociedade; como os políticos se servem dos meios de comunicação para beneficiarem a si próprios e como os meios de comunicação manipularam a sociedade em favor de sistemas políticos que lhes fossem de interesse.
O uso público dos meios de comunicação pode ser o meio de libertação ou de dominação de uma sociedade, dependendo de quem tem o poder de informar e de conduzir a informação para a formação de uma sociedade democrática ou autoritária, dominante ou dominada. Um exemplo interessante: nossos colonizadores consideravam que os primitivos habitantes do Brasil, povos sem escrita, estavam na Pré-História e que o “descobrimento” do Brasil havia sido o início de nossa história veiculando-se, àquela época, em Portugal que o Brasil era uma criação dos portugueses: "O Brazil não existia antes do descobrimento, nem ficou existindo pela realização d’este. O Brazil, imediatamente à empreza de Álvares Cabral, ficou sendo apenas uma designação, um nome, de uma paragem transoceanica, d’ahi em diante marcada nas cartas. [...] O Brazil que descobrimos não é, pois, na realidade das cousas, o Brazil pelo qual nos glorificamos. Este é outro Brazil, muito diverso: é o Brazil que nós creamos, que nós fizemos" . (Faustino da FONSECA, in: Commercio do Porto. 8 de Maio de 1900).
Ou seja, os meios de comunicação são e foram desde... sempre consideráveis produtores de informações e seu principal poder reside na divulgação, ocultação ou manipulação dessas informações; ao falar em meios de comunicação, Antonio Gramsci (político, filósofo e cientista político, comunista e anti-fascista italiano – 1891/1937) situava, principalmente, a imprensa nesse âmbito exercendo a função de termômetro e/ou medidor da opinião pública.
Sou uma pesquisadora das diversas formas de relação entre o cidadão e a imprensa, mesmo quando não havia um avanço que permitisse transformar a imprensa em agente dos interesses públicos, a indicação dos caminhos e possibilidades da imprensa como espaço de atuação política nos processos da colonização, da declaração da independência, da abolição da escravatura, da proclamação da republica, entre outros tem sido alvo de meus trabalhos... tópicos futuros.